sábado, 13 de junho de 2009


















Às vezes eu acredito que estou indo com muita sede ao pote analógico. Assim como os primeiros deslumbrados com a internet, me sinto um bobo alegre do anti-digital. Tudo isso é para dizer que eu comprei uma câmera descartável. Com filme asa 800, 27 poses, flash opcional.

Passei o feriado dando a maior das importâncias para cada uma das fotografias. Hoje de manhã me vi deitado no chão da pracinha para encaixar o sol no ângulo da imagem. Ontem passei a noite supondo se a luz da minha sala tem capacidade para queimar um filme de asa 800. Ousei roer as unhas de ansiedade ao não encontrar nenhuma revelação expressa na avenida paulista hoje à tarde.

Depois entrei no cinema para assistir “Stella” e perceber que eu não estou sozinho. O filme é uma viagem estética ao cenário da minha infância. O álbum de fotografia na casa dos meus pais.

“Stella” estreou nos cinemas de São Paulo apenas com cópias digitais (não se empolgue, eu vi no Bombril e é digital. O guia da Folha errou). Assim como “A Festa da Menina Morta”, que também só estreou no formato digital.

Estou muito mais sozinho do que imaginava estar. Os grãos. Os rolos desencontrados. As bordas imperfeitas da janela. Assim como os discos de vinil, os rolos de película também migrarão para tempos distante do agora. Tudo tão mais rápido do que a gente imaginou.

As máscaras caem. Os desquites de alma não são notados. E o mundo caminha rumo ao fim.

 

 

 

 

Na volta para casa, o frio do lado de fora do metrô. Tropecei nos meus pensamentos tentando entender a dificuldade que eu tenho para mudar. No decorrer de uma semana posso chegar ao domingo insatisfeito com todas as outras vidas que não tomei. Eu poderia ter sido tantos que não fui.

Se hoje teve chimarrão debaixo do sol do meio-dia na pracinha do lado. Se teve café expresso e Faulkner e quadrinhos na tarde da livraria. Se  teve cinema e minha mão esquentando a sua, eu até entendo por que não tomei nenhuma das outras vidas que apareceram no caminho dessa semana. Não tomei os atalhos. Eu sempre preferi o caminho mais longo de mim para você.

John e Yoko no cd que eu gravei.

Hoje é Sábado. O fogão exala um caldo e o aquecedor está ligado na sala de estar onde o DVD é T Rex ao vivo ecoando pela casa e se misturando com o cheiro da comida burguesa.

Nenhum comentário:

Twitter Updates

    follow me on Twitter

    Seguidores

    igetu