terça-feira, 31 de março de 2009


















coloquei a camiseta e saí por aí com uma musiquinha no ouvido e sentindo o vento frio que chegou na cidade. sentei na butique do livro e pedi um vinho e escrevi. escrevi. escrevi sem parar. pedi a conta e descobri um autor boliviano que se matou ao vinte e cinco no ano de mil novecentos e setenta e cinco. dez anos antes de eu nascer. comprei o livro e saí pela cidade mais uma vez. sentei no clube eros para ver os portenhos jogar futebol de salão. comi a melhor massa da cidade. paguei o preço mais barato do bairro. li o prefácio do fabian casas para a obra do autor que morreu antes de eu nascer. me encontrei no que ele dizia sobre o outro. e ousei sorrir pensando no dia que ficou bonito depois de ontem. caminhei quase rebolando a música que tocava. e eu, eu não era eu. eu estava feliz.

segunda-feira, 30 de março de 2009

... amigos imaginários cansados de ler...

















Os dias continuam de sol e calor aqui do lado de baixo do mundo. As pessoas continuam falando essa língua estranha e meus ouvidos doem um pouco mais a cada silaba que não consigo pronunciar. A cada olhar que não consigo entender. O mundo está um pouco fora de foco do lado de baixo do mundo. O café não adiantou. Nem a pequena caminhada em volta do quarteirão. Nem as folhas dos plátanos que começam a cobrir as calçadas. Hoje é uma segunda-feira e faz uma semana que estou aqui. Ontem meus pais foram embora e eu fiquei. Quando eles desapareceram caminhando abraçados na avenida Santa Fé o meu peito apertou. Antes de dobrar a esquina olhei para trás e eles estavam também paradas, me olhando e sorrindo. E me vendo desaparecer no meio dos argentinos loucos do fim do domingo.

Eu deveria estar no cinema, vendo algum filme independente dos tantos que estão em cartaz aqui. Eu deveria estar trabalhando em algum projeto com inicio, meio e fim. Eu devia estar feliz por não precisar fazer nada do que a maioria das pessoas precisam fazer para ficarem felizes. Talvez eu devesse ter comprado um vinho no armazém do chinês. Mas eu comprei granola, iogurte natural, bolachas de arroz e maçãs verdes. Daqui a pouco vou correr debaixo do sol. O complicado é quando a gente procura a felicidade da forma mais obvia. O problema é quando a gente procura a felicidade. Ou quando a gente acredita nela. Pelo menos toca Radiohead. Um show que estava aqui. E que eu não vi. Depois de Bob Dylan quase nada mais vale a pena.

Os cachorros aqui andam sem coleira. As pessoas olham pouco para o chão e os homens falam alto. Todos comem comidas gordurosas e eu agora como macarrão todos os dias. Todos os dias bebo uma coca-cola enquanto espero o prato chegar no buteco da esquina. Sempre sento na mesma mesa e sempre sou atendido pelo mesmo garçom. Todos os dias eu deixo dois pesos sobre a mesa e ele me agradece com mais intensidade do que o necessário. Show me the Money. Show me Love. Show me anything que eu nunca tenha visto antes. Talvez faça algum sentido ficar sentado do outro lado da vitrine olhando para as pessoas andando na calçada. Vendo as grávidas acreditando no futuro. Vendo as mães sorrindo otimismo aos recém-nascidos. Vendo os velhos aproveitando cada dia como se fosse o ultimo. As moças saindo da escola sem saber que tudo vai ficar para trás. Que os estojos serão esquecidos. As palavras escritas desaparecerão antes que  o ano termine. O menino mais bonito da sala também será o primeiro a ter um filho. Todas engordarão. E quase ninguém mais se reconhecerá do outro lado do espelho quando o colegial for apenas uma fotografia perdida em algum email há muito tempo não aberto.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Anoitece. Os plátanos da cidade perdem as primeiras folhas do ano. Existem muitos plátanos na rua onde estou. É tão bonito. Tão mais bonito do que onde você está agora. No rádio toca alto uma canção antiga e a brisa que vem do rio da prata não tem nenhum cheiro de mar. O sol cai atrás do edifícios da cidade mais bonita de todas as Américas. E eu poderia pensar que valeria a pena chegar aqui. Nem que fosse apenas para escutar uma língua que não é a minha. Abri uma garrafa de vinho. Os momentos sempre podem ser um pouco melhor aproveitados. As musicas, quando não dançadas, adquirem uma aura de mistério quase igual as bocas quando nunca beijadas. Gosto de não ir nunca até o fim. Gosto de não conhecer onde termina o limite e começa o conhecido. Eu deveria estar correndo agora. Mas entre vestir o calção e sacar a rolha, preferi ficar um pouco bêbado. Eu quase sempre prefiro a felicidade a curto prazo.

A vida tem menos poesia perto dos próprios pais. Eles estão aqui. Vieram passar alguns dias comigo. Vieram querer entender o que me faz amar qualquer lugar longe deles. Não sei se eles entenderam. O que fizemos até agora foi caminhar pelas ruas comprando roupas baratas e depois sentar em algum bar e beber toda a Quilmes possível. Acabei de deixá-los em um cassino. Mais tarde vamos sair para dançar tango. Quando minha mãe saiu do taxi ela tropeçou e depois pediu que eu levasse as suas sacolas para o meu apartamento. Comprei um vestido bonito para quando você aprender a caminhar. Um daqueles vestidos que se parecem tanto com os vestidos que as crianças das fotografias antigas usavam. Um vestido preto com flores brancas pequeninas e uma fita de veludo negro. Acho que os seus olhos, em contraste com o vestido, ficarão ainda mais azuis. E a sua pele ficará ainda mais branca. Você é a menina mais bonita que eu conheço e o seu nome é Sara sem “H” no final e a sua mãe é a garota que mais se parece comigo. Mas vamos parando por aqui, antes que eu comece a fazer declarações de amor se vergonha de mim mesmo. Dá sempre um pouco de vergonha essas coisas. Principalmente depois que os efeitos passam e a realidade volta. A realidade sempre volta. Só depois de morto que não mais. Deve ser bom nunca mais precisar ser real. Deve ser bonito ir embora para nunca mais voltar. Para quem nunca quis estar aqui, a ausência é a forma mais profunda de sempre estar.

Eu tenho um monte de emails para responder, mas diante da ausência de tempo, tento resolver tudo aqui. Essa resposta é para você, que não me manda poesia e me cobra realidade. Olha garota. Quando você pensa em vir eu não vou mais estar aqui. Mas também ainda não estarei aí. Acho que não vai valer a pena você vir para cá sem mim. sinto tanto a sua falta, mas é melhor não pensar nela agora. quando vamos viajar só nós dois? Sem ninguém que nos segure? Sem ninguém que nos acorde antes mesmo de termos ido dormir? Eu não entendo como você agüenta a vida, e por isso eu tento agüentar a minha também. Por que, se você agüenta, eu também preciso agüentar. Comprei uma camiseta com listras vermelhas para usarmos na nossa viagem pela Califórnia. Talvez o ano que vem não chegue nunca, mas a roupa já foi comprada. Não venha sem mim. Faça uma loucura. Pegue um avião sozinha e me encontre no rio grande do sul e vamos passar a páscoa sem ninguém??? Sem ninguém mais??? Eu acho que se você ler esse texto aqui, você vai entender. Não vou responder seu email. Se você ler isso aqui você promete comprar na hora uma passagem para o sul do Brasil??? Promete??? Promete??? Promete??? Escreva cem vezes “vai ser verdade” que depois ninguém poderá tirar da sua cabeça aquilo que você mesma inventou.

 

Minha mãe ligou do cassino dizendo que não tem dinheiro nem para o taxi. É assim que as coisas são. Sempre vai haver uma hora em que nada mais poderá ser dito. As fichas sempre podem cair nos números errados. Mas ela gargalhou do outro lado da linha, e por mais que as fichas caiam nas casas erradas, basta sorrir e encontrar alegria e entender que nada vale mais do que ter para quem ligar quando a grana chegar ao fim.

 

Combinamos de beber uma Quilmes gelada na esquina para comemorar a falta de sorte do mundo.

Eu jamais colocaria um bebedouro para beija-flores. Nem uma casinha para alimentar passarinhos. Nem jogo pão seco no laguinho do parque. Não dou comida aos pombos. Nem dinheiro para os mendigos. Quero passar pelo mundo sendo minimamente responsável por nada do que acontece dentro dele. Me deixe quietinho que eu prometo fazer de conta que eu não existo.

 

E por hoje já chega de exposição. Take advantage of the season.

terça-feira, 24 de março de 2009

Não. Eu não me sinto bem. Estou nessa cidade onde não posso andar de chinelos nas ruas pq meus pés ficam sujos demais. Estou nessa cidade onde me olham um pouco torto pq está tão na cara que eu não sou um deles. Toca Radiohead bem alto na sala desse apartamento bonito que eu não sei de quem é. A pessoa que mora aqui deve gostar de cores e tem bom gosto para móveis e decoração. Nunca aluguei um apartamento por temporada tão bonito quanto esse. Nem tão silencioso. Nem tão limpo, nesse país onde os pés ficam sujos se usar chinelos nas ruas. Mas aqui tem muitas arvores. E aqui tem prédios antigos e tem pessoas que criam vira-latas como se eles fossem cães de raça. E hoje aqui vai ter show do Radiohead e eu não comprei ingresso e os ingressos estão todos esgotados. E eu queria ver, mas talvez não tanto assim. Descobrimos que nada é imperdível, que tudo tem a hora certa para acontecer e que o que vale a pena flui naturalmente. Como a diarréia que me pegou aqui. Sinto na privada o real significado da palavra fluir.

Quando a barriga dá uma trégua, saio para caminhar pelas ruas. Procuro qualquer coisa que me faça sentir um pouco útil nessa terra um pouco longe de onde você está agora. Leio um livro em francês e almoço em restaurante orgânico. Faço posturas de yoga a cada meia-hora e meus braços estão fortes. Ouço musicas bonitas. Como essas, do Radiohead. Se você voltar a tempo, talvez devêssemos pegar um ônibus. Não estamos assim tão perto do local do show, mas locais de show nunca são perto de ninguém que a gente conheça. Podemos pegar um ônibus e sentir a vibração de todas as pessoas que acreditam que uma banda ainda pode mudar o significado de uma existência. Se alguém nos oferecer ingressos e se tivermos dinheiro para pagar, podemos comprar. Podemos também comprar uma quilmes e ficar no fundo da platéia vendo trinta mil pessoas encontrando um significado para a própria existência. Todas ao mesmo tempo. Dizem que as luzes desse show são muito bonitas. Eu gosto de luzes e você também. É provável que eu chore no meio de alguma canção e pensei em te dar um abraço, mas eu acho que isso eu não vou fazer. Talvez você também chore quando cantarem uma musica mais simples. Você gosta das coisas simples. Deve ser por isso que você não gosta de mim.

Passo a tarde nesse apartamento. Já dormi. No meu estomago não tem mais nada. Se você não chegar em meia hora vou colocar um par de tênis e ir correr nos bosques de Palermo ouvindo Radiohead no headphone.

I’m not a looser babe. I’m not a looser. Mas nem tudo vale a pena qualquer sacrifício.

Desenterrei um texto antigo arquivado em um email. Um texto de 2007. A idéia para um livro. Foi assim que passei também uma parte da tarde. Brincando nesse arquivo e imaginando alguém que gostaria de escutar aquela história. Troquei frases. Cortei frases. Depois fiquei com sono e deitei na cama. E fiquei pensando se avançar tres paginas por dia em uma história não é pouco demais.

No meio do sono eu sonhei e eu acordei e pela janela de vidro bem grande vi que o céu está bonito aqui. E tive uma boa idéia para a história. Depois dormi de novo e agora eu não lembro mais. Talvez ir ao show seja um bom motivo para penetrar de novo na atmosfera do sonho. É isso o que falam sobre as performances do Radiohead. Talvez lá eu encontre qualquer coisa que eu possa materializar e encontrar alguma utilidade pratica para o que não devia ter sentido algum. Pode ser que isso seja envelhecer. Perder as expectativas junto com os cabelos. E tentar encontrar uma explicação para tudo o que não devia querer se explicar. Ultimamente tenho acreditado que as rugas trazem justificativas. Estou cheio delas.

sexta-feira, 13 de março de 2009














Termina uma sexta-feira de chuva aqui em São Paulo. Na vitrola toca daydream nation, do sonic youth. Fico olhando para a agulha arrancando poeira das faixas. Um pequeno travesseiro que conforta o peso das guitarras. Existem bandas que precisam soar anacrônicas. Não importa quando elas tenham nascido.

A janela está fechada para não molhar o tapete. O tapete é de pele branco que eu gosto muito pois ele era da minha mãe. O sonho da minha mãe sempre foi ter um tapete de pele branco, dos bem peludos. Desde que eu era criança ela falava em comprar um desses.

Um dia, quando eu já não morava mais lá, ela me ligou para dizer que tinha conseguido o tapete. Ela estava feliz. Naquela época ela ainda tinha tendência à felicidade.

Fui visitar minha mãe nos primeiros meses do tapete. O quadrado na sala passou a ser uma espécie de tableau sagrado. ninguém podia pisar sobre ele sem os olhares ressabiados de minha mãe. O tapete permaneceu sagrado por poucos meses, por quê na visita seguinte, notei que o tapete era diariamente cagado pela Brenda, a poodle preta. No inicio ela deve ter apanhado, mas depois parou de apanhar, mas não parou de sujar o tapete. Com o aval da Brenda, o quadrado sagrado se profanou e toda a família pode habitar a casa sem restrição de espaço.

Um tempo depois minha mãe cansou de ter que limpar o tapete todas as manhãs e o guardou no porão. Bem protegido. Todo ensacado para não pegar poeira.

Quando a filha da minha mãe casou, ela foi morar em um apartamento com piso frio. E a filha da minha mãe gosta de tocar guitarra e jogar vídeo-game então ela pediu o tapete emprestado. Minha mãe emprestou o tapete passou a ser bastante usado.  Ficávamos até de madrugada jogando vídeo-game, nós dois, enquanto o marido dela dormia. Ou tocando violão e cantando músicas da Hole. Minha irmã gostava de Hole naquela época. E eu sempre dormia lá. Teve um fim de tarde de verão que eu até transei no tapete de pele. Eu lembro que no meio da trepada me veio a imagem dos cocozinhos da Brenda ali do meu lado e eu tive que me reconcentrar no que estava fazendo. a pele suada encostando nos pelos brancos que minha mãe adorava dava uma sensação de desconforto.

 

Depois a filha da minha mãe cansou do tapete pq ela mudou para uma casa onde tinha muito pó. Como a casa era pequena, ela o levou de volta para o porão da minha mãe.

 

Um dia eu estava indo acampar. Fui procurar a churrasqueira portátil no porão e reencontrei o tapete. Sem ninguém ver, coloquei-o no porta malas e o levei ao acampamento. 

Era inverno, uma das noites mais frios do ano, e acampar consistia em invadir um camping privado e passar a noite em alguma cabana arrombada. Mas naquela noite havia um casal em uma das cabanas e achamos melhor não arrombar nenhuma. Ficamos embaixo dos plátanos dentro do carro conversando e ouvindo música. Quando lembrei que tinha o tapete, improvisamos uma fogueira com as folhas secas das árvores e ficamos os tres sentados em cima das peles quentes sentido o calor do fogo. O Adair até tocou violão. As minhas mãos congelavam, mas como ele era colono, aqueles dedos grossos não sentiam nenhum frio e ele arranhava as cordas sem rachar a ponta dos dedos. e ele cantava com bastante ar gelado e não tinha vontade de tossir e nem ficaria doente no outro dia. 

Depois daquela noite eu nunca mais tirei o tapete do porta-malas do carro do meu pai. Na primeira vez que minha mãe foi no mercado e viu o tapete lá dentro na hora de guardar as compras, ela estranhou. Depois foi se acostumando.

Eu, em todas as noites que saía sozinho para olhar para as estrelas no meio da estrada do ceva 20 ou quando passeava perto da cascalheira do passo do corvo, sempre tirava o tapete e ficava deitado em cima dele no meio da estrada de terra. Uma noite eu dormi. Só acordei no outro dia com um quero-quero bicando o meu rosto. Nenhum carro havia passado. 

Foi a primeira vez que tive certeza de estar morto. 

terça-feira, 10 de março de 2009

A maioria dos meus CDs eu só guardo o encarte. Não guardo a caixa. Eu parei de guardar a caixa por falta de espaço. Bem simples e bem pratico. Na falta de espaço, quebre caixas de CDs e jogue as fora. guarde o encarte como envelope e coloque tudo dentro de uma caixa de sapatos. Mas caixas de sapatos são objetos antigos e quão longe você pode ir sempre que pensa em uma caixa de sapatos. Você consegue lembrar de todas as utilidades que já deu para uma caixa de sapatos? Se as caixas de sapatos fossem verdade, viveríamos descalços. Às vezes eu me lembro de você quando escrevo simplesmente para dar alguma utilidade aos meus dedos. Tenho tiques. Se não estou teclando eu enlouqueço. E é sempre um pouco perigoso.

As vezes eu penso que se eu tiver alguma literatura para me definir, ela terá se diluído na caixa postal dos meus inimigos. Como rechear de palavras doces um email de adeus. Como enfeitar de exclamações uma mensagem de amor. Dotar de letras minúsculas uma intimidade que é nossa.

 

segunda-feira, 2 de março de 2009
















Quando você me viu dançando daquele jeito eu penso que foi só você que viu. E às vezes eu tenho certeza de que as coisas que você vê não são reais. Mas eu fiquei feliz por você ter me visto de um jeito muito mais bonito do que eu sou. Agora anoitece e é uma segunda-feira e segundas-feiras não deveriam acontecer. então eu olho para fora da janela e fumo um cigarro observando os vizinhos. As suas reuniões sem fim. E observo um pouco para dentro de mim mesmo. Para o mundo das pessoas que me vêem. Você pensa na forma como te enxergam quantas vezes por dia? É normal pensar tanto assim? Talvez seja uma segunda-feira e os cigarros tenham todos perdido o efeito.

Agora começa a tocar uma canção do The Mamas and the papas e eu sempre gostei tanto deles. Minha tia me deu um cd deles e aquele foi o meu primeiro cd.  Eu tinha cd antes de ter o tocador de cd. Eu tinha DVD antes de ter o tocador de DVD. E eu comecei  a colecionar vinis muito antes de encontrar a vitrola perfeita. Temos muito mais em comum do que os outros podem imaginar. Ou. Temos coisas em comum que ninguém jamais terá. CDs sem onde tocar. DVDs sem onde assistir. Algumas pessoas possuem os pré-requisitos básicos para um interesse existir. Nascemos no mesmo ano e somos testemunhas de um tempo comum que ninguém jamais terá. Todo o ano que faço aniversario eu penso há quantos anos eu te conheço. E sempre parece um pouco mais do que é de verdade. O mundo de fora olha para dentro de mim. mas eu não gosto de olhar dentro dele.

Dizem que os nossos maiores medos nunca vão chegar. Talvez seja por isso que eu guarde-os tão bem e mantenha o hábito diário de cultivá-los. Ele disse que eu nunca vou morrer do coração. Se esse é o meu maior medo, ele nunca acontecerá. Pensei se o mesmo vale para os nossos sonhos, mas achei melhor não perguntar. Você assistiu Pul Fiction? Eu assisti em lajeado no cinema do unishopping. Faz trezes anos eu acho. Talvez Pulp Fiction hoje seja um clássico para os mais novos do que nós. É estranho ver o que nasceu com a gente ir virando um clássico. Parece que não temos mais nada há fazer. Ficamos para trás. As novidades sempre serão menos interessantes para os que viram tudo.

Tem dias em que eu queria ser virgem dos olhos. E dos ouvidos. Talvez o mundo chegasse com mais vontade dentro de mim.

Twitter Updates

    follow me on Twitter

    Seguidores