sexta-feira, 26 de junho de 2009















A chuva cai devagar do outro lado da janela e ela caindo lá fora é apenas uma espécie de termômetro da minha vontade. Escrever, agora, implica sair. Tem fases na vida em que é só um pouco complicado demais sair de casa. Olhar para as pessoas implica sorrisos que não estou mais disposto a dar.

São poucas as festas que acontecem de verdade. Cada vez menos festas acontecem de verdade. As pessoas estão cada vez mais desconectadas nas pistas. Um sentimento se partiu, já faz muito mais tempo do que você pode imaginar. As inocências foram todas lavadas. A fumaça ofuscou o seu olhar e seu pensamento não conseguiu entender. O estado tem meios muito eficientes para acalmar a população. Fechar o olho para o proibido não significa tolerar. Todos temos a real dimensão e a real necessidade do que não pode ser feito. Por sorte, ainda concebemos uma linha limite entre estar e não mais. Ainda sabemos a hora de ir embora, embora ultimamente tenhamos nos estendido um pouco alem da conta.

A chuva cai devagar e eu tenho um livro para escrever, mas isso não deveria te importar.  Eu tenho um livro para escrever, e isso não deveria me importar. Tem um show bem antigo do Bowie rolando na TV. Tem um livro que abandonei há três anos e que agora voltei a ele com uma fome estranha. Só ontem eu li mais uma vez toda a metade do livro que já havia lido em três meses antes de abandonar. Ontem foram três meses em um dia e hoje, se eu quiser, posso ser mais três meses daqui até o ponto final. Existem livros que te puxam. E se o que me puxa agora não brota das minhas mãos, é sinal de que devo ler sinais não escritos por mim. Escrever, às vezes, se torna um ato de imposição.

Nenhum comentário:

Twitter Updates

    follow me on Twitter

    Seguidores

    igetu