terça-feira, 30 de junho de 2009












Os meus passos dentro do metrô tem sido embalados pela voz forte e folk do Adam Green. Foi o Nelo quem me falou em Adam Green pela primeira vez e quando um cara é seu amigo e essa cara faz um som que tem a ver contigo e esse cara é o Nelo, então você precisa saber do quê ele está falando.
Eu reconheço o Adam Green no Nelo assim como reconheço Bob Dylan na Cat Power. Dylan cantando Blue Moon é Cat Power cantando A Woman Left Lonely. 

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Pernas antigas, de pessoas mais velhas, deslizam pelo salão e eu estou escondido embaixo de uma das mesas. Em cima da mesa estão os copos de cerveja Polar. Em cima da mesa estão os meus pais pensando que as crianças dormem. Os pés contam segredos que os pequeninos jamais saberão revelar. Para ser colono é preciso ter dormido no chão de um salão de baile, atrás das cadeiras onde ficam as tias que não dançam ou embaixo da mesa dos vô. Colono dormia dentro do Chevette estacionado na beira da estrada. Os vidros estarão fechados embaçados pela respiração do teu primo. Ou do teu irmão. Ou de alguém que você não conhecer. O barulho do baile ao longe, do outro lado da estrada. Os carros bêbados passando tão perto. O barulho do trem. Quem é colono não tem medo de dormir sozinho em um carro abandonado na beira da estrada. Quem é colono não tem medo de dormir sozinho.

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Hoje estou feliz pq terminei a primeira parte do livro que estou escrevendo. É tão boa a tarefa cumprida. Há algum tempo tenho tido vontade de comemorar.


***


A tarde estava cinza quando saímos do Sinédoque tentando não enxergar para dentro de nós o tanto de verdade que esse filme contem. É muito mais difícil do que pode parecer. Tudo é muito menos complicado. A vida só é. Ser é agir. Agir é o tempo presente. O resto é pensamento. Teoria. Projeção. E eu não quero plantar os meus pés no abstrato. E eu não devo plantar meus pés sobre hipóteses. E eu não preciso acreditar no que você não vê. Você comentou sobre a tristeza do dia sem saber que dias cinzas nunca são tristes. Às vezes você gostaria de conseguir me conhecer. Você sempre espera coisas que eu jamais imaginaria ter. Cat Power. Bob Dylan. Sinedoque. Onde terminam meus olhos e começam seus medos?
A paulista estava bonita hoje e sempre. E sempre que eu subo as escadas rolantes e vejo o céu do outro lado do vidro, visito São Paulo antes de agora. A paulista que atravessamos ontem não é a mesma avenida que atravessei na tarde de hoje nem será a mesma que atravessarei amanhã. As ruas agem pq é preciso agir.

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Às vezes o telefone toca e é só a sua irmã querendo te contar as novidades do frio. No fundo da ligação são os ruídos da casa e sentir saudade é apenas uma questão de prestar atenção. Saudade das pessoas falando todas ao mesmo tempo na cozinha, na sala, na porta do seu quarto, é só uma questão de opção. E eu sempre preferi o silencio no lugar da confusão. A televisão no ultimo volume. Os velhos quase sem ouvir. Os vapores. Os sotaque. O barulho das tampas natendo contra as panelas. Fragmentos de um passado que não precisa voltar. 
Depois os relatos precisos sobre o frio. Congelar não faz parte dos meus planos para esse inverno. Nesse inverno irei em busca do calor assim como no próximo verão irei em busca do frio. O tempo aqui não é uma realidade da qual estou obrigado a participar. Os pássaros migratórios sempre povoam a minha imaginação. No fim do dia, prefiro a andorinha solitária voando alto, ao rasante das garças voltando todas para o mesmo banhado. Tilintar longe da lareira é o mais importante nesse verão. Congelar para tomar banho não faz parte dos meus planos. Agasalhos. Umidades. O chão da cozinha e a tampa da privada do banheiro no meio da madrugada. Fragmentos de um inverno que não precisa voltar. 

domingo, 28 de junho de 2009

há um ano atrás




Agora já passou um ano das coisas que aconteceram há um ano atrás. Eu estou em casa, um pouco mais longe de mim. Um ano longe de mim.

Lembro das noites enlouquecedoras debaixo do céu daquele pequeno paraíso de um ano atrás. Lembro de sentir fome, muita fome, um ano atrás. Lembro de chorar por tudo. Por nada. Eu chorei tanto há um ano atrás. Lembro da fragilidade dos meninos refletindo meus próprios medos. Eles também não eram os mesmos há um ano atrás. Os olhos novos. Ainda vivos. Tão pequenos do lado de fora.

A vida sorriu pela primeira vez, um ano atrás. Os olhos enxergaram um caminho alem dos trajetos diários de um ano atrás. Há um ano atrás. Há um ano atrás o futuro ganhou certeza.

 Às vezes o mundo faz sentido, mas nunca mais será como há um ano atrás. Ainda passaremos tempo habitando um ano atrás. Depois cicatrizaremos. Ainda estamos na idade das cicatrizações. Eles não.

Algumas vidas voltarão para o rumo que elas seguiriam se não tivesse existido um ano atrás.

É certo que você quase esqueceu. É lógico que você finge que não viveu. Alguns, mais velhos, não souberam respeitar o seu coração. Fingiram entender os seus medos. Fingiram gostar de você. Te deixaram dormir perto deles para depois  te jogar na noite fria e perigosa de uma grande cidade. Te negaram abrigo quando você mais precisou. Não deixaram que os seus medos fossem apenas os seus medos. Os pequeninos são tão mais sábios do que os adultos.

Tristeza nunca será vaidade. É perigoso cicatrizar antes da hora.

Hoje faz um ano atrás. Os encontros nunca mais terão a mesma intensidade de um ano atrás. Sabedoria é deixar passar. Serenidade é desapegar. Por mais que tentássemos, por mais que tivessem nos deixado em paz, por mais que o mundo tivesse sido bonito, jamais teríamos  sido crianças encantadas. Se tivéssemos sido crianças encantadas, não teríamos tido um ano atrás para sentir saudade.

sexta-feira, 26 de junho de 2009















A chuva cai devagar do outro lado da janela e ela caindo lá fora é apenas uma espécie de termômetro da minha vontade. Escrever, agora, implica sair. Tem fases na vida em que é só um pouco complicado demais sair de casa. Olhar para as pessoas implica sorrisos que não estou mais disposto a dar.

São poucas as festas que acontecem de verdade. Cada vez menos festas acontecem de verdade. As pessoas estão cada vez mais desconectadas nas pistas. Um sentimento se partiu, já faz muito mais tempo do que você pode imaginar. As inocências foram todas lavadas. A fumaça ofuscou o seu olhar e seu pensamento não conseguiu entender. O estado tem meios muito eficientes para acalmar a população. Fechar o olho para o proibido não significa tolerar. Todos temos a real dimensão e a real necessidade do que não pode ser feito. Por sorte, ainda concebemos uma linha limite entre estar e não mais. Ainda sabemos a hora de ir embora, embora ultimamente tenhamos nos estendido um pouco alem da conta.

A chuva cai devagar e eu tenho um livro para escrever, mas isso não deveria te importar.  Eu tenho um livro para escrever, e isso não deveria me importar. Tem um show bem antigo do Bowie rolando na TV. Tem um livro que abandonei há três anos e que agora voltei a ele com uma fome estranha. Só ontem eu li mais uma vez toda a metade do livro que já havia lido em três meses antes de abandonar. Ontem foram três meses em um dia e hoje, se eu quiser, posso ser mais três meses daqui até o ponto final. Existem livros que te puxam. E se o que me puxa agora não brota das minhas mãos, é sinal de que devo ler sinais não escritos por mim. Escrever, às vezes, se torna um ato de imposição.

investigação sobre a permanência.

Às tres e meia é hora de sair de casa. Hora de dobrar o computador, enfiá-lo na mochila, e sair para procurar um lugar tranqüilo onde eu possa estar perto do desconhecido. Aprendi a sempre guardar o melhor do dia para o seu final respeitando as limitações da cidade em que estou.
Aqui o fim do dia é quando os engravatados invadem o café e falam sobre a vida e sobre os dramas da repartição. À medida que cafés ganham ansiedades, as rodas adquirem celulares, o que abre fáceis motivos para avançar a cerveja na esquina. Cumprem seus cafés assim como cumpriram seus trabalhos do mesmo jeito que cumprirão a sua noite e toda a sua vida. A cidade se movimenta em ondas. 
Eu sempre duvidei da solidão nas grandes cidades. A solidão mora no interior. No lugar mais distante dentro de você mesmo.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A vida real é sempre tão monótona. Os sites que eu navego de manhã nunca me surpreenderam. Nunca me surpreenderão. Me sinto um pouco sozinho na internet. De vez em quando um email inesperado acende alguma luz, que logo em seguida se apaga.

Os nomes dentro da caixa do Messenger estão estáticos como prefiro que fiquem. Não gosto de aproximações. Mas às vezes pinta um pouco de falta. Deve ser por que o dia está cinza. Deve ser por que dia quatro de julho fecha um ano. Ou quatro. Daqui há um século, ainda existirá quatro de julho?

Algumas pessoas ousam se perguntar sobre o tempo em que vivem. Outros preferem ver tudo o que é passado com olhos de misericórdia. É preciso cuidado com a compaixão. A compaixão é muito mais perigosa do que o ódio. A tolerância também. A tolerância é o pior dos sentimentos.

Continuo emperrado no fim dessa primeira parte do livro novo. Ontem à noite, depois de me ouvir reclamar mais uma vez sobre a dificuldade que encontro para escrever a história, você disse o que eu precisava ouvir: mas você quer escrever coisas fáceis?

Você sempre diz o que eu preciso ouvir.

Às vezes você é comigo do jeito que eu sou com quem amo: real.

Algumas pessoas confundem verdade com agressividade. Misturam tudo. Tenho um pouco de compaixão pelas pessoas que confundem verdade com insulto. Tenho ódio dos que preferem fingir que tudo está bem. Não consigo mais tolerar raízes que impedem o crescimento. Não sei se já te falaram sobre essa espécie de planta. Uma espécie de planta que morre justamente pq a sua raiz está enterrada muito fundo dentro da terra, o que faz com que a energia da planta seja gasta na parte escura. As plantas são um bom exemplo de equilíbrio. De buscar o sol, o vento. De sair sem esquecer de onde se vem.

O meu ódio é para os que se protegem demais e esquecem de crescer. O meu ódio é para os que crescem demais e esquecem de onde vem. A tolerância, esse sentimento sujo, eu prefiro não cultivar no dia de hoje.

Chove para que o sol de amanhã faça sentido.

clique no link.





aqui - esse é o link.





"- como? a ponte?
- voe para longe!!!"

quarta-feira, 24 de junho de 2009

investigações sobre o segredo vol.I


 

 

 

O segredo consiste em sempre falar para uma pessoa de cada vez, sempre no plural. O segredo é muito mais exposto do que o sujeito supõe. Segredo é esconder-se no revelado. Para ser segredo supõe-se que houve um pacto.

O segredo só existe quando ele deixa de ser.

terça-feira, 23 de junho de 2009

de tanto ir fundo nas coisas acabamos ficando por lá. - cocteau.

fotolog.com.br/_imprevisivel


















Talvez eu acredite em um certo tipo de romantismo. Talvez um romantismo velado. Um romantismo velado por velas derretidas. apagadas. opacas. o romantismo depois dele mesmo. Um velho que um dia foi romântico. Talvez eu seja um cara um pouco fora da minha idade. um velho que um dia foi romântico.

Se você gostar de poesia, talvez eu possa me interessar. Eu não gosto de poesia. Eu gosto de quem gosta de poesia. você me interessa.

Escrevo essas coisas pois as suas fotos acordam um eu que eu deveria ter sido. Você sempre fala o exato. O preciso. O que você fala nem sempre está correto, mas eu sempre prefiro acreditar. O perigo da borboleta é esquecer da transformação. A beleza do casulo é tão incompreensível quanto a liberdade das asas. escolhemos ver o que quase ninguém mais. por isso a necessidade de estarmos juntos.

Enquanto você acertar o foco. Enquanto as suas asas descansarem sob o sol do varal dos fundos da casa da sua mãe. a casa que um dia foi o seu todo. Enquanto a importância do sol for importante para você. Cutucar todas as onças com as varas mais curtas. Jogar fora todas as nossas armas. Fortificar as unhas e segurar na terra.

O mundo sempre será bonito enquanto você for a querida.

Depois as asas crescem. Depois acreditamos no vento.

Existem olhos que se perdem do outro lado do vidro da janela. In a jingle jangle morning I’ll come following you. Preciso ler um beatnik. E lamentar nunca ter sido um deles. Existem blogues que transcendem o meu pensamento. E nesses eu permaneço. Manifesto silencio para falar. Um dia eu encontrarei a palavra silenciosa e só então você entenderá o que eu digo. o que eu nunca falei. 

Agora você está de volta.

Agora você voltou para o seu casulo. Esse é o mundo pendular. habituar-se a ele é encontrar a serenidade dos que escolhem. Você nunca mais será uma coisa só. Você atravessou uma barreira. A borboleta voou. Viu as luzinhas da cidade bem pequenas. Cada vez menores até não mais existirem. Depois procurou as estrelas. as luzes internas do avião confundiam a visão para o lado de fora. talvez ela tenha ouvido Cat Power, como eu sugeri que fizesse. A voz que inventou o silêncio. 


Lugares inabitados quando passam a existir. fatos que elegemos para te tornar inesquecível.

Nunca se esqueça da beleza do casulo.

Nunca se esqueça da altura da ponte.

Nunca se esqueça que a ponte agora tem asfalto e uma sinaleira vai piscar organizando o transito. Logo será perigoso esperar no meio do nada no meio da madrugada. E vão colocar uma guarita da brigada militar. Logo vai ter um cachorro quente na beira do asfalto. A ponte vai ser tomada por meninos bêbados. O lugar será a parte mais perigosa da cidade. O rio se encherá de latas vazias de cerveja. Aos domingos o rio será feito de vômito. E a gente entenderá que nossa cidade segue o ritmo mais digno que ela poderia seguir. daqui de longe, da beira do rio mais poluído do mundo, de dentro do trânsito enlouquecedor das marginais, da maior cidade da américa do sul, tenho certeza de que a cidade ideal só tem sentido dentro de mim. e é mim que está a natureza. os grãos mais limpos e a fome mais exata. A beleza do casulo é não precisar olhar quando voamos para longe dele. ele sempre estará lá. não precisamos olhar para trás. não precisamos de despedidas. voltar é só o movimento natural e inevitável. Manifesto silencio. O resto não precisa ser dito.





Estou emperrado em uma estória. Na verdade já faz mais de um mês que a estória não anda. Eu olho e pergunto: e agora? para onde você vai? para onde você quer ir?

Ela não responde nada. Fica quieta, olha para todos os dedos nas duas mãos. Quando insisto, continuava olhando para si mesma. Como se a resposta estivesse nela. A resposta está nela.

Tão rápido eu coloquei um inicio, um meio e um fim, que a pobrezinha ficou sufocada. E eu preciso de 17 páginas para contar essa estória, mas havia usado apenas seis. 

Esse livro é quase uma obsessão formal. Tudo precisa acontecer de uma forma simétrica tendo sempre o triangulo como referencia principal.

Embora as histórias tenham uma tendência a brotar em pares, nesse livro elas são forçadas a nascer no formato de um triangulo.

As borboletas sempre nos surpreendem.



Não sei se é fragilidade ou a beleza nas suas asas. Tudo o que a borboleta faz é motivo para espanto. As pessoas bonitas assustam muito mais do que as pessoas normais. como nós. Tudo o que as pessoas bonitas fazem é inesperado. É preciso mais cuidado em si quando elas estão perto. Nos desviam de nós mesmos. 



O telefone toca, mas eu não preciso atender. São poucos os números de telefone que preciso atender. São poucos os números de telefone que ligam para mim. Tomei muito cuidado para não construir uma vida em cima de telefones. Tomo muito cuidado para não ser esperado. Desapegar a expectativa alheia é tarefa eterna. com o tempo vai ficando mais fácil. Assim como cuidar da terra ou alimentar um animal. com o tempo vai ficando mais fácil.

É preciso certeza.

Atravessar requer certeza.

segunda-feira, 22 de junho de 2009








Teoricamente ainda é segunda-feira. Ouço um podcast chamado “Malelemento”. Trata-se de um podcast feito pelo escritor argentino Fabián Casas. A musica se chama “Dias Felices”, e é um pop que poderia ser do Fito Paez. Não sei se gosto. Não sei se isso tem alguma importância. Preciso escrever o livro novo, mas tudo tem andado muito devagar ultimamente. “Stairway to Heaven” tem sido algo muito presente no meu cotidiano.

No fim do dia o filme Estamira no Canal Brasil me deixou um pouco atordoado. Eu já havia visto esse filme na época do seu lançamento. Na verdade eu queria ver “Da Vida das Marionetes”, mas o DVD não rodou e eu caí na televisão mesmo.

Estamira tem tudo. Tudo o que um filme deve ter para eu gostar dele.

Jamais escreverei uma linha para explicá-lo.

Estamira não tem explicação.

 

 

 

Tem Estamira.

E tem o Loki.

 

 

E eu sempre vou preferir a inquietude angustiante da busca por alguma lucidez ao perigoso comodismo da loucura.

sobre a iminência de partir.

















O que as pessoas falam quando não estou por perto? As pessoas existem quando não estou por perto?
Hoje vi um filme ruim feito para um homem perdido. O fato de estar perdido nem sempre faz o homem interessante. Pessoas perdidas quase me despertam pena. Pessoas perdidas me despertam raiva. Eu não tenho pena de quase ninguém. Tenho pena dos meus avós. Mas isso é porque eles estão vendo a morte um pouco mais de perto do que nós. 
É que para valer a vida só se você estiver satisfeito com a própria idade. Viver a vida é deixar o tempo passar. Ver a morte através dos olhos do outro é não se dar o tempo de existir.
Se eu parar de pensar em você, você vai parar de existir?
Se você morrer e eu pensar em você, você ainda vai existir?

sobre feridas e cicatrizações













Um blogue sempre será uma ferida aberta. Toca Joni Mitchell. Meus pensamentos andaram um pouco confusos ultimamente. Caminharam demais. Estou com as pernas cansadas. Não posso caminhar tanto. Dói no fim de tudo. Dói no fim da festa por que nem imaginamos que a festa acaba de começar. Por mais que eu durma na roda da sua conversa, estou sempre preparado para o melhor. Eu conheci uma nova cidade. E ainda bem que estamos juntos. Ainda bem que podemos estar cada um em um canto do entendimento e, ainda assim, nos enxergarmos. Quando eu olho para você o nosso olho encontra o foco. Por mais que eu demore. Eu sempre demoro um pouco mais para entender. Eu sempre me perco quando preciso defender um ponto de vista longe do meu. Nós sabemos onde nos dói. E onde nos descansamos. Às vezes a gente se encontra e basta isso para a vida fazer sentido e a casa continuar existindo. Sim. Estou falando para você. Toca Joni Micthell. E quando toca Joni Mitchell eu sempre consigo falar um pouco comigo mesmo.

A casa está vazia, tudo certo. Tudo certo como dois e dois são cinco. Sempre feche as suas frases com palavras certeiras. O alvo é o ponto final da seta. A mensagem nem sempre é proporcional ao dito. 
A tarde de Sábado foi procurar a canção exata para a noite que viria. Sabíamos que estaríamos juntos e é sempre bom esperar um pouco das horas perto de chegar. Você escolheu a sua roupa mais bonita e por mais que não esperamos, sempre encontraremos um no outro alguém detalhe para nos impressionar. O seu perfume faz quase três anos que eu conheço e ainda não cansei de não querer parar de gostar. Tudo o que é imaginado existe? Me diga onde você mora que eu tentarei te encontrar.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Às vezes fica só um pouco insuportável demais continuar dois passos à frente. Então dormimos. Aqui toca o despertador das duas e vinte da manhã. eu não sei por que esse relógio sempre desperta às duas e vinte da manhã e nunca pensei em tentar desfazer a programação. O alarme é relativamente baixo aqui no escritório. Serve como um sinal de meia-noite. De que a noite está na metade para o seu fim depois da meia-noite. Duas e vinte da manhã é a meia-noite de hoje.

Quando éramos criança não precisávamos de relógio para sentir sono. Nossos corpos pequeninos exaurido de obrigações fechava os olhos para não estar lá. E temiam muito mais o acordar.

Acordar continua sendo a parte mais chata do dia.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

você. de um jeito que ninguém mais tem.










Alguma pessoas levam a vida e as suas coisas a sério demais. O carro voltava para casa no meio da madrugada. No meio da madrugada sempre há um carro voltando para casa. Não importa o tamanho da cidade que você habita. É quase certo que você só irá ler essas palavras quando estivermos longe. Mas eu escrevo mesmo assim. Estar perto não é físico. Estar longe também não.
Às vezes você me fala frases que eu não consigo entender, mas eu deixo assim. Finjo que você não disse o que eu não consegui escutar. Nosso olhar em desencontro dura a pausa mínima entre duas canções. Depois retomamos o ritmo. Com direito a rodopios múltiplos pelo salão. Mesmo que no fim da sua dança hipnótica não tenha sido o meu o pescoço que você agarrou. Todos nós nos expomos muito mais do que devíamos. Os méritos nunca serão só meus. Por mais que meu nome brilhe um pouco ao lado do seu. Nunca seremos os mesmos. Por mais que eu suba para baixo. Por mais que você se deslumbre com as estrelas. Nossos caminhos serão feitos de altos e baixos. E no caminho entre eles, sempre seremos parceiros nas zonas intermediárias.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

















sábado, 13 de junho de 2009


















Às vezes eu acredito que estou indo com muita sede ao pote analógico. Assim como os primeiros deslumbrados com a internet, me sinto um bobo alegre do anti-digital. Tudo isso é para dizer que eu comprei uma câmera descartável. Com filme asa 800, 27 poses, flash opcional.

Passei o feriado dando a maior das importâncias para cada uma das fotografias. Hoje de manhã me vi deitado no chão da pracinha para encaixar o sol no ângulo da imagem. Ontem passei a noite supondo se a luz da minha sala tem capacidade para queimar um filme de asa 800. Ousei roer as unhas de ansiedade ao não encontrar nenhuma revelação expressa na avenida paulista hoje à tarde.

Depois entrei no cinema para assistir “Stella” e perceber que eu não estou sozinho. O filme é uma viagem estética ao cenário da minha infância. O álbum de fotografia na casa dos meus pais.

“Stella” estreou nos cinemas de São Paulo apenas com cópias digitais (não se empolgue, eu vi no Bombril e é digital. O guia da Folha errou). Assim como “A Festa da Menina Morta”, que também só estreou no formato digital.

Estou muito mais sozinho do que imaginava estar. Os grãos. Os rolos desencontrados. As bordas imperfeitas da janela. Assim como os discos de vinil, os rolos de película também migrarão para tempos distante do agora. Tudo tão mais rápido do que a gente imaginou.

As máscaras caem. Os desquites de alma não são notados. E o mundo caminha rumo ao fim.

 

 

 

 

Na volta para casa, o frio do lado de fora do metrô. Tropecei nos meus pensamentos tentando entender a dificuldade que eu tenho para mudar. No decorrer de uma semana posso chegar ao domingo insatisfeito com todas as outras vidas que não tomei. Eu poderia ter sido tantos que não fui.

Se hoje teve chimarrão debaixo do sol do meio-dia na pracinha do lado. Se teve café expresso e Faulkner e quadrinhos na tarde da livraria. Se  teve cinema e minha mão esquentando a sua, eu até entendo por que não tomei nenhuma das outras vidas que apareceram no caminho dessa semana. Não tomei os atalhos. Eu sempre preferi o caminho mais longo de mim para você.

John e Yoko no cd que eu gravei.

Hoje é Sábado. O fogão exala um caldo e o aquecedor está ligado na sala de estar onde o DVD é T Rex ao vivo ecoando pela casa e se misturando com o cheiro da comida burguesa.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

outono em são paulo




















Acordar e levar todos os sons, finalmente, para a assistência técnica. Apoiado sobre minha vitrola em uma loja na pedroso de morais, o cara ao lado, cliente como eu: “eu não sabia que eles arrumavam toca discos aqui”.

-       - arrumam em todas as lojas dessa rua, vitrola é a última moda.

Depois ele perguntou se eu tinha fogo e foi fumar na calçada esperando eu ser atendido.

 

Aí sempre vem um episódio dramático envolvendo trânsito. Em alguma esquina você vai querer aproveitar o sinal verde. Todos apegam-se aos últimos resquícios de um sinal verde aqui. Uma mulher nos olhará com a cara que nós olharíamos para nós mesmos, se conseguíssemos nos olhar. E a Teodoro Sampaio vai estar engarrafada. Uma quadra depois mudaremos nosso itinerário. Voltaremos para casa, pegar um documento esquecido e comer alguma coisa. Sonhadores, planejamos um dia sem contratempos.

Depois seguir para outra assistência técnica onde o outro som seria finalmente trazido de volta à vida. Nossos aparelhos como filhos internados temporariamente em um hospital onde não podemos entrar. Não posso falar sobre dor. A dor de verdade não está aqui.

É outono em São Paulo e, por coincidência, também é o dia em que devemos ser felizes. Mesmo diante do arrependimento, da dúvida, do nunca mais para sempre. É o dia de pensar no que já fizemos. No que pensamos que faríamos. Nas datas comemorativas eu sou um cartão postal enviado para mim mesmo, muito tempo depois de antes.

A rua dos pinheiros parada. Olhar em volta é descobrir atalhos velozes. E você descobriu um atalho veloz. E quando é você quem descobre um atalho veloz, as minhas costas se encaixam ao motor do seu carro e, por um instante, as rodas são um rio forte e perigoso. As árvores voando no alto escondem o céu. Condenam todos os apartamentos á sombra eterna. O carro preto. O asfalto escuro. As copas. O dia cinza aqui embaixo. Dentro do carro.

Depois eu desci no topo da paulista e você foi embora. O conunto nacional visto da alameda santos é um conforto que só essa cidade me dá. O conjunto nacional é sempre um lugar onde algo pode acontecer. onde algum encontro inevitável irá se dar. Assuntos sem nenhum controle. Mas agora é outono. No outono, todos perdemos um pouco as folhas. No outono, sempre nos preparamos para o essencial. Há um inverno pronto para acontecer.

Parado em frente à gôndola de moleskines, passei os olhos por toda a extensão de cidades. E me vi interessado em escrever o diário de bordo sobre uma cidade que nunca fui. Escrever o meu itinerário diário que não foi traçado. Viver um romance no limite do pensamento e das anotações da viagem. Os cafés onde eu teria pensado em você. Todos aqueles moleskines com nomes de cidade eram romances e vidas que eu poderia ter para mim. Eu não estava sozinho. Eram muitas pessoas se acotovelando à procura da sua cidade. eu peguei Berlim. A mulher ao lado escolheu Lisboa. Foi de Lisboa que voamos juntos para Berlim pela primeira vez.

Ela pagou. Depois eu paguei. Lisboa desceu as escadas do cine Bombril e Berlim entrou na papelaria quase ao lado.

Papel celofane vermelho, azul e verde (RGB) para forrar todas as janelas da casa. papel de seda branco para embalar Berlim. A cor da neve. Um metro de fita azul escuro, da cor do nosso primeiro uniforme. Um envelope branco e um cartão branco no tamanho correspondente. Uma caneta marrom. Da cor dos teus cabelos.

Depois descer até a Lorena. Imaginar uma vida diferente em cada quarteirão. Bon Iver cantando baixinho nos meus ouvidos. Alguma coisa me diz que teremos um bom inverno. Talvez o melhor inverno das nossas vidas. Dobrar à direita na Lorena. Um chá no Suplicy.

Depois trocar mensagens. Almoçaremos juntos.

Um chá enquanto empacoto. A beleza do pacote veio da rapidez e certeza com que ele foi imaginado. Poucas vezes a precisão de um laço de cetim azul marinho sobre o papel branco foi tão rápida e segura. Deve ser a certeza que alguns presentes escondem.  A surpresa final não depende de mim.

Sentar no Jaber e esperar você chegar. As mesas na calçada, o vento gelado descendo a João Manoel, o espaço árabe há duas quadras. Trocamos mensagens. o almoço seria lá. a vida em são Paulo pode se resumir à almoços. Cafés. E carros. E lojas.

Um envelope vermelho e dois ingressos para Cat Power. Às vezes você consegue ler desejos que eu pensava disfarçar. Você sente todos os cheiros. Fareja qualquer indício mas rejeita todas as evidências.

A precisão do laço desfeito. A impaciência do papel amassado. O sorriso diante da palavra "Berlim". Quantos significados podem conter seis letras perfeitamente ordenadas?

Depois café, jornais e silêncios. Comentários na hora certa. Ironias compreendidas. Outono em são Paulo. Os galhos estão expostos.

Depois mercado. Os educados passeando carrinhos. Os casais explorando embalagens. Os pais alimentando sozinhos uma cobertura vazia.

A mulher em frente conversando com a atendente do caixa. Meus olhos impacientes. A mulher loira perua conversando e eu batendo os pés. cruzando braços. Procurando, desesperadamente, um olhar de cumplicidade. A perua sem noção. A filha da puta sem noção.

Quando nossos olhos se cruzaram a perua sorriu com a ironia dos que simplesmente sabem o que são: “você dever estar me odiando, eu falo demais, não é?!”

-       - que isso. Eu só estou nervoso com o meu carro, lá fora.

 

Terminou de pagar as contas. Pediu à moça do caixa um troco mais “quebrado” para dividir a gorgeta. Depois, calmamente, foi até o lado de dentro do caixa, abraçou a atendente dizendo coisas tipo: “tem um sofá enorme que você vai adorar. Você gosta de inverno? Se você quiser a gente pode fazer nesse inverno.”

Depois beijou o rosto da atendente e veio até mim. Olhou para as minhas compras e acariciou o meu ombro: “desculpe meu querido você deve estar me odiando. Mas tenha um lindo jantar.... hum, pelas suas compras tenho certeza de que será incrível. Tchau querido!”

 

 

Agora é noite. Chet Baker toca na televisão. nossos filhos estão longe mas, logo mais, todas as janelas serão coloridas pela transparência dos celofanes.


A cidade acontece em algum lugar longe de nós. a noite será fria e não temos nenhum compromisso com a realidade.











- eu tento me divertir. eu sempre tento me divertir.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

o dever de fazer propaganda

foto de um blog antigo do qual não lembro o nome.



















Existem aqueles dias em que cada peça encontra o seu lugar. Existem os dias em que os desejos têm o exato tamanho do abrigo que estamos dispostos a dar. Existem dias de encaixes. Na sala toca Chet Baker. Faz tempo que não ouço Chat Baker. Vi um filme bonito. “Apenas o Fim”. Farejei muito mais Eric Rohmer do que as pessoas ousaram notar. O filme tem um pouco das coisas que perdemos. Um pouco de um frescor que nunca mais vai voltar. Um frescor ainda sem amargos. Uma canção do Los Hermanos. A tristeza antes de existir. O imaginado tão grande quanto o presente: inalcançável.

O filme tem o olhar fora do tempo. Tropeça em si e faz disso a sua beleza. Musica para quando as luzes apagam. A melhor banda do mundo é aquela que ensaiava na garagem da casa ao lado quando você ainda se surpreendia com as coisas. Quando as garrafas escondiam surpresas. Quando os baseados assumiam liberdade. Quando cada olhar era o primeiro dos muitos que nunca mais vieram. Existiu um tempo em que o único calor era o seu braço encostado no meu. Nós dois sentados na frente de um bar fechado em um domingo à noite. Nós dois e todos os amigos. Muito mais amigos do que o carro do meu pai podia carregar. Eu sempre fui o responsável pelo transporte, mas nunca esqueci de que a sua era a última casa. Manobrava destinos para sobrar só você no banco a lado. Aumentava a distancia para o nosso silencia alcançar o insuportável. Éramos nós dois sentados na calçada da cidade gelada. Oitos horas da noite de um inverno que numa cidade pequena. Baseados correndo soltos. Policiais tomando café do outro lado do vidro embaçado. Nossos braços se esquentando. Você falando o endereço do seu email e eu nunca esqueceria dele. A promessa de uma segunda-feira só nossa. Mas na segunda-feira eu pegaria um ônibus que me levaria de volta para São Paulo. Naquela época eu tinha medo de voar. Achava as turbinas frágeis demais para o tamanho do avião. Naquela época eu sabia aproveitar a beleza das viagens lentas. O cheiro azedo dos ônibus interestaduais. Mijar fazendo a curva. Comemorar dois bancos livres. Naquela época eu fazia as contas para te ver. Depois perdeu a graça. Os medos quase foram embora. A vida encontrou uma lógica perto do entendido.

Existem dias em que tudo se encaixa. Nenhuma angustia aparece na hora errada. Nenhum horário fica sem espaço e as horas encontram uma função de ser. Chet Baker toca na sala. É um cd que toca no DVD. A televisão amplifica o som e o analogismo sempre encontra um jeito de acontecer. O digital não tolera o que cabos amarelos e vermelhos gentilmente trafica.

 

Mas hoje é um dia bom. Quinta-feira. O frio esmaece. Todos podemos sentir preguiça.

terça-feira, 9 de junho de 2009
















o folk não morre nunca.

Påväg hem efter Placebo

thehymnforthecigarettes.blogspot.com






Faz algum tempo que venho tentando despertar em mim a sensação do dever cumprido. Sempre que algum pensamento desavisado se aproxima tentando me fazer algum mal, dou um jeito de pensar nas coisas que me abrem a possibilidade de comemoração. No fim do dia eu me permito sentir recompensado. E permito me jogar no labirinto infinito das frases desencontradas. É bom ter um dia feito. A sensação da casa limpa. Nova. Um universo inteiro a ser habitado é sempre uma proposta tentadora. Atire a primeira pedra quem não tem medo da solidão. Tudo tem dois lados. E o sonho de ontem pode ser só pesadelo de hoje. Welcome to the world. Às vezes as fichas caem tarde demais. O tempo, bem ou mal, sempre encontra um jeito de se fazer notado. Encare o inimigo nos olhos, mas queira dançar de vez em quando. Dançar sozinho em uma pista de um país distante é uma das melhores sensações do mundo. A sensação página em branco é uma das duas melhores sensações do mundo. Ver o mundo como uma sucessão de possibilidades é libertar-se do sofrer.






















Mas agora é noite. Tarde da. A madrugada avança. O pensamento a mesma coisa. No fone toca um jazz baixinho. - barato total. Faz frio na grande cidade e o céu está bonito.

Os podcasts são o futuro da comunicação. Comunicação é a ordem do universo. Não à toa o mundo nunca produziu tanta. Tanto desencontro, tanta opinião caótica. Distorcida. Fraudulenta. Disfarçada. Se você se incomoda com isso é hora de sair do jogo. A comunicação não anda mais em linha reta. O cavalo está sem cela e é inútil tentar domá-lo. Ninguém mais é de ninguém. As fronteiras se romperam e sim, dois mundos correm muito mais paralelos do que você jamais sonhou imaginar.

Os que sublimarem o pouco, não chegarão a lugar algum. As opiniões são apenas as opiniões alheias e sobre elas nada queremos fazer. A opinião alheia sempre pode ser pior do que você poderia imaginar. Mas não vou falar aqui sobre perseguição. Identifico em mim cada seqüela de tantas sofridas – a pior foi a tendência eterna ao melodramático no lugar do verdadeiro.

Do outro lado da janela pareço ouvir uma festa. O bom de morar nessa parte da cidade é que as pessoas vizinhas parecem sempre ter algum motivo para comemorar. E quando os apartamentos atravessam a noite banhados na luz suave das risadas e das musicas altas, quando os apartamentos esquecem do mundo real do lado de fora, nessas horas eu me sinto em casa no lugar onde estou. E meus pés se aquecem dentro das meias grossas. Enquanto uma madrugada fria de segunda-feira ecoar pessoas no lugar de grilos, posso ter certeza de que tudo continua em ordem. Os sonhos rurais precisam esperar. Aqui, na cidade grande, por mais que você pense que não, as pessoas escutam a lua com muito mais atenção. Ela é um dos nossos últimos laços com o natural.  Nada pode ser mais comum a todos do que ela. Das coisas que ela faz dentro da gente.

A foto é da Tuane Eggers que está vindo para São Paulo pela primeira vez. E isso nunca é pouco.

Penso nas pessoas que estão indo embora depois de terem participado do filme. Parecem que todas, de uma forma ou de outra, acabaram dando um passo além de si, para dentro de si mesmo. Falo dos meninos que partiram com muito mais facilidade do que eu. O mundo parece menor dez anos depois. Daqui de longe os meus braços estão fortes para trazer sementes para as grandes cidades. Todos os que se envolveram de verdade nesse projeto deram um passo talvez nunca imaginado. Um passo para lados desconhecidos, afundando em terras estranhas. Distante demais para dentro de si.

Os meninos da terra ganharam o mundo. E as pessoas da cidade voltaram à uma terra de onde nunca deveriam ter partido.

E isso não é pouco.

Um dia vamos entender o que nos aconteceu. Mas como sempre digo: é impossível escrever sobre o olho do furacão estando dentro dele.

Que venham os próximos dez anos.

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