quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

converso com você no skype e toca cat power. se os nossos blogues são terapias, vamos entrar um pouco mais fundo nelas. o mapa do mundo está colado na frente da minha mesa, atrás do meu computador e ele é a coisa mais perto de mim aqui nesse quarto apertado. até quando vou escrever em quartos apertados. o quanto nós ainda precisaremos dos quartos apertados ninguém pode dizer. nem nós mesmos. o mundo que você habita agora eu não sei qual é. não sei o tamanho da floresta negra para saber se devo ou não me preocupar com você. não sei se aí existem duendes. na irlanda eu sei que existe, mas não sei se eles algum dia chegaram na alemanha. na época em que as pequenas florestas e os grandes bosques de carvalho eram todos uma coisa só. para eles as rotas eram menos complicadas naquela época. viviam mais próximos. conectados em uma rede que enviava sinais significando árvores. ventos. florações. falavam por uma rede secreta. a linguagem das plantações. você também nota que a nossa voz está mudando? pouco a pouco perco as referências da forma como você falava. às vezes fico pensando que nos conhecemos através das palavras escritas mais do que as palavras ditas. enfim. eu sempre vou para longe quando converso com você. não importa onde você esteja. e esse texto vai ao ar sem ser lido duas vezes. algumas coisas precisam de certeza para acontecer. e coragem para serem admitidas. 

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Today I was reading the news. It’s a little bit strange when I recognize myself in the pages of the local newspaper. Today I was reading about Barbara Ganley and, somehow, we are some kind of partners in life and the visions that makes it real. Somehow I found a group. The Slow Blogger’s group. And I’ve got less alone without having to be with someone. It’s always good to feel not so alone and, at the same time, not to need to get phisically near to anyone.

Even if feeling alone is a state of mind. Even if loneliness is my mood. My constant mood. I am a man of constant solitude. And I always feel good when I’m alone.

But today it was different. Barbara Ganley was with me. By my side. In the other side of the sea. In the top of the earth. Near to the ice. Near, so far away, like a silent neighboor of my private storms.

I’m so thankfull to all those who can give his own words to my own feelings. That’s the beauty of the non-solitude. That’s when I make sense. When I’m understood through the other’s eyes. And that’s when it’s not just for me. Serendipity. Or. Find your own way to describe the place that you inhabit now. Find your own way to describe no-leaving. No-living. Or heimweg.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Estranha essa sensação de ir, pouco a pouco, me aproximando de você de um jeito que depois vai ser mais difícil de te largar. Hoje, depois da corrida matinal dentro do bosque de eucaliptos, pensei que as drogas são para os adultos. Não sei o que isso quer dizer. Na hora em que eu pensei era apenas uma lição de moral para uma pessoa que era legal e virou careta. Tantas pessoas eram legais e viraram caretas. Provavelmente um dia você foi legal e agora tenha virado careta. Não me refiro sobre as drogas. Me refiro a você. E no seu caso é bem possível que tenha sido o contrario.
Mas essas coisas nada importam. O que importa é que agora toca uma canção linda na sala. E eu sou criança. Tenho doze anos e estou sozinho no meu quarto. Bolando planos para ir embora. Escutando os passos de alguma faxineira. Ou da minha irmã e as suas amigas mais novas do que eu. Eu queria que elas me achassem lindo quando elas passassem por mim dentro da minha casa. mas eu não era. Aquele não era eu. O garoto bonito. Aquele não era eu, o looser deprimido e feio dentro do meu quarto. Algumas garotas me acharam bonitos. E com essas eu tive paixões platônicas. Intensas e profundas. Dessas que, se até hoje ainda ecoam em mim, é provável que ecoarão para sempre. Como as canções quando nos transportam. As canções quando nos transportam é para sempre.
Mas essas coisas não importam. Estou falando merda. Tem uma coisa que eu sempre penso que preciso falar para você. Faz algum tempo que gosto de ouvir vinis. Eles tem uma sonoridade que me remetem à minha casa. À um tempo muito antes de agora. Antes mesmo de eu ter nascido. Um tempo que foi dos meus pais. E que eu só me reconheço, por nunca ter feito parte dele.
Costumo garimpar discos em lojas de usados. Compro muita coisa estranha. Coisas que ouvia quando eu era adolescente. Cantores contemporâneos de alguns ídolos de sempre. A face mais escura do que sobreviveu. Gosto preferencialmente dos lados B desses discos. Gosto de voltar a penas no lado A. Depois beber uma coca-cola ou comer um fandangos, e mergulhar, de barriga cheia e neurônios renovados na obscuridade do lado B. Mergulhar nas lembranças de quando comer não era culpa. De quando perder tempo ouvindo um disco inteiro não era perder tempo. Era mergulhar sem pensar na sonoridade que vinha de dentro das faixas escuras. A agulhava deslizava a tarde sem tocar nos ponteiros do relógio.
Voltamos devagar para lugares de onde nunca devíamos ter partido. E isso me conforta. Viva a incerteza. A ultima que restou.

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