eu ainda acho que eu espero demais de quem está perto de mim. eu ainda espero que faça frio. que vente. que chova. que o pasto amanheça coberto de gelo.
sofro quando há uma nova realidade dentro daquela que existiu até tão pouco tempo atrás. nesses dias de calor, quase nada é o que parece ser. mas vamos levando. de vez em quando eu rio. de vez em quando você está comigo. e quando ficamos juntos e quando olhamos para o mesmo futuro as coisas até parecem fazer algum sentido. e fazem.
resolvi parar com tudo o que me tira do mundo real. isso implica muitas coisas. muita coisa tem me tirado do mundo real ultimamente. isso implica eu mesmo tentar controlar um pouco a minha cabeça.
passei dois dias tremendo. agora parou. hoje de meio-dia pensei que iria morrer, mas não foi tão forte como há dois dias atrás. há dois dias atrás eu vi alguma coisa feia puxando a minha perna e eu tremi por quatro horas sem parar. e comi sal, mas nada mudou. e bebi leite, mas nada mudou. e rezei, mas eu ainda não acredito. e eu pensei em chamar uma ambulância. e eu pensei que realmente estava morrendo. mas não foi dessa vez.
quando se está em processo de limpeza parece que as sujeiras vão tomando novas dimensões. o que antes não era notado assume características um pouco gigantes demais. pequenos problemas me desestabilizam e eu queria que alguém me dissesse que estou fora de mim ou que alguém me pegasse pelos ombros e me sacudisse até que eu saísse de mim e deixasse de ser eu para voltar a mim mesmo.
agora eu vejo máscaras onde antes havia um rosto. agora eu choro acordado onde antes era um sonho. vai passar. o tempo vai mostrar e vai nos dividir e eu vou voltar a ser eu mesmo. sozinho. vazio de vícios. limpo de virtudes. essencial. o bastante para que eu me baste só. só nós dois. o que vem de fora nos separa. o que nos mata não nos fortalece. eu quero e eu rezo e eu vou estar do lado do bem. e vou descansar em paz aqui na terra antes de voltar para o mesmo ponto de onde partimos. aqui na vida do agora eu quero a paz do eterno. eu não quero e eu não vou morrer ainda. hoje não. amanhã também. e assim por diante.
mas agora eu estou morto.
4 comentários:
eu sabia que voce ia se matar outra vez
amo tanto voce
mas eu te amo mais.
queria que vc fosse pequeno que nem a beib, só um dia, pra eu poder te mimar e te fazer rir facinho que nem é com ela;)
Quando eu tenho pânico, eu gosto de pensar que isso é um vírus artificial criado por gente conservadora, que quer que paremos de viver e de fazer as coisas que a gente gosta, para nos trancarmos em casa, jantarmos às sete da noite e dormirmos às 9 e meia, bem cobertos e de meias. Tá, esse método não resolve de cara os sintomas que a gente conhece...mas a imagem da outra vida - a "vida segura"(real??) - me assusta tanto, que eu logo abandono todas as iniciativas de burocratizá-la, que tinham soado tão sensatas minutos antes...Não tem jeito, olhar o mundo real dá medo. Dá medo não entender o que está acontecendo com ele. Dá medo um monte de coisa não fazer sentido. Dá medo nunca saber o que vai acontecer amanhã; nunca saber o que as pessoas vão desejar, pensar, sentir, dizer; o que nós vamos desejar, pensar, sentir, dizer; o que vamos encontrar na próxima esquina quando descermos para comprar o jornal; sair de casa sem levar casaco; medo de perder a memória, a visão, o brilho nos olhos, a beleza; medo de ficar só; de perder quem a gente ama; de perder a chave de casa; de se perder. De ser atropelada e queimar a perna no escapamento de uma moto. De não ser amada. De perder as músicas do ipod. Mas a gente só sente isso porque estamos vivos. E reconhecemos que as coisas são vivas, contingentes, imprevisíveis. E que tudo pode acontecer. E que não adianta rezar, porque deus tá morto. More than this, there's nothing. Um corpo frágil, que carrega uma cabeça confusa, cheia de idéias, sentimentos, desejos, vícios, palavras, imagens, poesia. E que tenta se divertir e ter prazer neste mundo, ainda que digam que isso é proibido...Espero que vc fique bem...Call me up before you’re dead, we can make some plans instead!
Postar um comentário