quinta-feira, 24 de julho de 2008

o dia nasce. os passarinhos me acordam. eu te beijo antes de fugir pela janela do seu quarto. ninguém pode saber de nós. nem nós mesmos. ninguém deve saber, nem nós mesmos, mas o paraíso mora aqui.

tomamos o mesmo café sem que em nós se conheçam os lençóis percorridos da noite passada. os nossos olhos se entrelaçam e as linhas que me aquecem são as mesmas que te fizeram dormir. adormeço entre o cheiro dos seus cabelos. ninguém deve saber, mas o paraíso mora aqui, nas minhas mãos quando guardam em mim o cheiro que um dia foi teu.

de manhã eu descanso para você trabalhar. de manhã eu sonho com preocupações que não tenho. com prazos que não me são cobrados. com os sonhos quando são reais. com a vida que invento e finjo tão bem que todos acreditam nela. menos. ninguém deve saber, mas o paraíso mora aqui.

de tarde caminho por essa nova cidade onde estou antes do fim. compro vinho e taças novas para a noite no supermercado vazio. compro mais um aquecedor portátil para o chá. compro flores para o vaso. compro um vaso para as cores. troco os móveis de lugar até fazer daqui cenário perfeito onde você nunca irá habitar. você não deve saber, mas o paraíso mora em ti.

os cheiros da limpeza. as camareiras varrendo assujeiras. a grama sendo cortada do outro lado da janela. os passarinhos. o sol se pondo na fenda exata entre a cortina amarela e o vidro. o paraíso mora lá, mas ninguém pode saber.

a estrada. as flores que roubei. o dia que acabou. o paraíso esteve aqui, mas eu não pude suspeitar.

a noite antes do ocaso. o acaso. o nosso. 
o paraíso coube aqui, mas você não pôde enxergar.

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