segunda-feira, 6 de abril de 2009

buenos aires holiday.

Eles têm os olhos cansados e se olham no fundo dos olhos e de vez em quando ela ri, desvia os olhos dos olhos dele, e olha para o chão. Toca Billie Holiday, mas provavelmente eles não sabem quem ela é. Agora o celular dele tocou. E ele atendeu. E Billie continuou cantando. Mas ela. Ela apoiou o rosto sobre a mão fechada e continuou olhando, ainda mais melancolicamente, para o chão como quem conhece a canção que toca. Bebi o ultimo gole do vinho e ela escorregou ainda mais amarga para dentro dos meus ouvidos. Ele pediu a conta e ela, como se despertasse de um sonho, abriu a bolsa, pegou a carteira e entregou algumas notas à atendente. Depois sorriram um para o outro como se acordassem em um domingo de manhã em uma cama de solteiro de uma republica estudantil. A musica chegou ao fim e no pequeno intervalo entre as duas canções eles se levantaram e foram embora. Billie começou a cantar novamente, mas eles não ficaram para escutar. A cada faixa ela fica mais triste, mas eles, precavidos, não estão mais aqui. O vinho terminou e o sol entrou pelo telhado de vidro do pátio interno desse café. Sinto sono e um resto de cansaço por todas as coisas que não fiz. Sinto culpa pelas traições que não cometi. E saudade de tudo o que não vivi. De tudo o que nunca vou viver.

Um comentário:

leila fletcher disse...

i really loved the photo...

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