quarta-feira, 1 de abril de 2009











Escrevo daqui. Desse pequeno café nos fundos de uma pequena livraria perdida no coração de Palermo. Todos falam baixo à minha volta. Um homem com uma criança no colo folheia os livros expostos na imensa estante. O vinho aqui é bom e a água vem sempre gelada. Passo a tarde escrevendo. Agora toca um disco da Madeleine Peiroux e eu não sei se é assim que escreve o nome dela. trata-se de um disco que eu ainda não conhecia, mas que é bom. Ontem vi o filme do qual você tanto me falou: Cloud 9. E eu fiquei tentando entender por quê o sexo dos velhos me pareceu tão desnecessário. De manhã comentei com alguém que o meu caminho é a frigidez. Meio como que não vejo sentido para o sexo entre corpos feios. Quase não vejo muito sentido para o sexo no meu corpo. O sexo geralmente habita um terreno desconhecido e profundo e muito, muito próximo do suicídio. Ok. Você jamais entenderia isso. Eu acho.

Faz sol, mas o vento é frio e eu acho que você gostaria de estar aqui. Tirei uma foto da parede atrás de mim. é uma parede escrita pelos visitantes desse lugar. Todos os idiomas estão pintados na parede, menos o nosso. O nosso é um idioma que não combina com pequenas livrarias perdidas em bairros pitorescos de cidades onde venta frio. O nosso idioma não é falado pelos mais inteligentes. Talvez seja por isso que nos empenhamos tanto em outras línguas.

Falta pouco tempo para eu ir embora dessa cidade. sempre tenho que partir quando mais me sinto em casa. ontem comecei a escrever um novo livro e talvez ele chegue até o fim. Descobri Caicedo. o autor boliviano sobre o qual te falei ontem. Ele é um pouco nós. Nós somos um pouco de cada suicídio que não cometemos.

Hoje sinto saudade. Mas não sinto urgência. E sei que esse texto está ruim, mas sei que você não vai ler até o fim. A liberdade é não ter nada a perder. Mas sobre isso, outras pessoas escreveram coisas mais profundas.

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