domingo, 19 de abril de 2009

Sobre a vontade de criar raízes é coisa que sempre sinto antes de partir. Quantas vezes eu ainda vou escrever de dentro da última noite antes de ir embora? Existem perguntas que me perseguem e talvez elas sejam o que eu respondo. Sempre tive mais medo das perguntas do que das respostas.  Sendo assim. É sempre fácil escolher o jogo que se quer jogar. Descobrir-se gato e rato de si mesmo.

Amanhã eu volto para a maior das cidades. Confundo voltar com chegar quando falo de São Paulo. Confundo o tom da partida quando estou aqui. Enxergo adeus em cada olhar. Farejo o nunca mais nos gestos da minha mãe quando ela está perto de mim. Em nossa convivência, a sorte do "nunca mais" fez a intensidade dos reencontros ser tão intensa quanto o partir. E assim vamos vivendo a sucessão eterna dos pequenos abandonos. Eu sou o que você fez de mim. Sempre serei.

Ficamos deitados na cama do meu quarto vendo um documentário sobre grandes, centenárias, milenares árvores arrancadas. A cachorra lambendo os nossos dedos. A chuva caindo de leve, do outro lado da janela, a tarde inteira. Eu peidei e ela xingou a cachorra.

-    - não foi ela. Fui eu.

ElMinha mãe saiu do quarto. Agora há pouco ouvi ela escovando os dentes. Deve ter ido dormir. Sem me dar boa noite. 





Pela última vez. Antes da próxima. Se houver.

2 comentários:

alberto disse...

amo teus textos e teu medo das perguntas mais que das respostas. eu também temo mais as perguntas. estás mesmo de volta? abraço grande. guzik

Paulo F. Perizzolo disse...

Pergunta: Onde ta a Desa?

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