A equipe do clube Eros agora me conhece e aumenta a porção dos meus pratos. Sorriem quando chego e acenam quando vou embora. Eu vou sentir falta deles.
O tango no La Catedral não estava tão complicado ontem à noite. Dancei com uma holandesa e perto dela eu era o máximo. Os alemães roubaram nosso sofá. Mas não beberam do nosso vinho. Eles não entendiam nossas piadas. Chegou um momento em que cansamos e voltamos bêbados para casa rindo no taxi, rindo no elevador, rindo no banheiro e rezando para não sentir nenhum tipo de arrependimento no outro dia de manhã.
O outro dia de manhã começou com dor de cabeça. Com despertadores tocando sem necessidade. Depois um banho longo. Não lavei os cabelos por que eles estavam bonitos. O intestino funcionou bem. Depois computador esperando o resto da casa despertar.
Janelas fechadas e ar condicionado até depois do meio dia.
A bandeira da Argentina tremulando do outro lado do vidro da janela da cozinha.
As malas prontas para hoje e, na hora de confirmar, a passagem ser para amanhã e ganhar mais um dia aqui. Sair de casa. Correr nos bosques de Palermo. Ter tempo para a ultima aula de yoga. Sentir saudade quando já deveria ter partido.
Atravessar a tarde sentado na mesma mesa. A garçonete loira estar menos agressiva agora que ela me espera todas as tardes. A tomada livre para o computador. A programação sobre o jantar que nos espera. O vinho que bebo agora não é o mesmo vinho que beberei depois. A ansiedade. A ansiedade. A espera. As respostas que demoram tanto a chegar.
Ella Fitzgerald tocando sem parar. O sol atravessando o telhado. As argentinas descabeladas. Os senhores de voz grave falando sobre cinema com meninos mais novos. Os muros pichados com frases políticas.
Pequenos retratos de uma cidade que eu vejo partir.
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