terça-feira, 26 de maio de 2009

como carla bruni em uma noite de verão


















Tal qual a arte do casamento é reinvenção, a arte do autor é reescrever.

 

Agora a praia que me espera no meio da tarde é um quadrado de pele, a janela aberta ou a televisão. Os sons estão todos quebrados. Só sobrou a vitrola.

Meus pés correndo sobre a baleia. Os olhos descansando na barra. A ilha de cabeça para baixo cinco minutos sem parar. As casas escorregando pelas colinas. A prancha. Os brothers. A Gal. Novos Baianos. Vida de praia dez dias sem pensar. Os bancos de areia formando espelhos. A vontade de chorar a cada passo deixado sobre a areia grossa da Barra do Sahy. o chão engolindo pés.

A simplicidade é o grau máximo da sofisticação. Sahy é Da Vinci. Michelangelo. Qualquer coisa que tenha encostado na mão de deus.

 

No sahy eu sou as mãos para deus.

 

Quando anoitece tem peixe com cheiro de mar em cima da pia da cozinha. Tem limão espremendo e azeite separando. E a gente sorri quando abre a  garrafa de vinho. As primeiras canções sempre são as melhores. Lubrificadas pelo prazer do entendimento três goles antes do fim das terras sóbrias. As primeiras canções são Carla Bruni sussurrando em Francês para um garoto de dezesseis anos em uma casa de verão.

Depois as cebolas despedaçando lágrimas.




Aqui na cidade são pessoas onde quer que esteja. Ruídos externos sangrando os ouvidos. Estragos internos que não se manifestam. Estragos internos podem ser tumores.  Tumores podem não ser estragos internos. Eu não sei qual é o preço do cigarro.

Depois. Madrugada na praia:

Choradeira na beira do mar. Desespero na areia do caminho. Lama brotando em todas as poças e a exposição sempre transcende os seus limites.




Agora preciso parar de brincar com você e voltar pro trabalho. Tchau.

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