terça-feira, 17 de junho de 2008

às vezes eu me sinto roubado. de tarde gosto de sair para sentir o sol. as árvores sempre ficam mais bonitas sob a luz do inverno. às vezes escuto rádio, mas as músicas que tocam aqui não me fazem partir. às vezes sento em um café, mas as mesas daqui são silêncios coletivos. vazios em dose dupla onde os casais sem mais assunto. gosto de sair para jantar. não aqui. onde os restaurantes são televisores e as casas de onde nunca saímos. de onde nunca sairão. os pratos entopem artérias à custa de casamentos falidos por barrigas obesas demais. às vezes eu toco o silêncio. quando a madrugada não são carros de som. às vezes eu toco o silêncio. quando observo em cada esquina um sorriso que não está mais aqui. às vezes eu toco o silêncio. quando você, para quem sempre contei minhas verdades, ficou surda sem que possa perceber. às vezes eu toco o silêncio. quando os seus lábios são tristezas. às vezes eu toco o silêncio. quando você se torna você. quando os seus medos voam para longe e ventos sem poeira trazem de volta o seu olhar. e nos furamos. e sangramos devagar. quase sem notar. como se nunca tivesse. o tempo antes de nos começar. 

Um comentário:

alberto disse...

tem um romance inteiro nesse seu post. beijo invernal.

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