
é tarde da manhã. a casa dorme. não existem grilos na madrugada fria.
por cima da neblina haveria uma nuvem se você estivesse aqui. a sua voz me faria menos sozinho. aqui os homens escondem de mim a máscara que me puseram. aqui estou do lado do mal. em frente a minha casa pintaram uma mancha branca no tronco de uma das árvores. não existem casualidades. apenas sinais. eternamente enviados por não sei quem e tantas vezes passados sem notar. a vida escorrendo lenta aqui nessa cidade. os homens emburrecendo mulheres em silêncios constrangedores na mesa do restaurante. a televisão passando as notícias. os comentários quase insones durante os comerciais. e eles comem tanto. tão demais. engolem o amargo do silêncio disfarçado de alimento. sofrem tanto os homens daqui. da dor de sentir-se sozinho. para sempre. abandonados de si mesmos. murchando um pouco mais a cada dia. chorando um pouco mais para longe de si. engolindo tudo o que pode ser letal. não existem casualidades. eu é que ainda não compreendo todos os sinais à minha volta. ou apenas finjo não entender para não sofrer por antecipação.
a noite está fria. e parece que vai ser longa.
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