domingo, 19 de julho de 2009












Tenho uma certa dificuldade para aceitar a mudança de hábitos. Mudar os hábitos, aos trinta, pode, perigosamente, ter o mesmo significado que aceitar envelhecer. Aceitar que a velhice chegou com tanta força há ponto de modificar os meus hábitos.

É estranho não gostar, e mais estranho ainda não precisar sair à noite. Quando eu era adolescente imaginava que sempre teria vontade de estar em alguma festa, em algum bar, em alguma rua, afundado em algum copo. Beijando alguma boca. Apaixonado pelo impossível. Não entendia as pessoas dentro dos seus carros voltando cedo para as suas casas. Não entendia como aquelas pessoas de quase trinta conseguiam reprimir as vontades que eu sentia. Não entendia que as vontades não precisam ser reprimidas para que possam mudar. Ser jovem eram não precisar entender o conforto do silêncio.

Hoje eu prefiro ficar atento ao ponto da batata no forno da cozinha. À quantidade de pimenta na sopa de gengibre. Ao timbre aveludado de uma canção antiga girando na vitrola. Até um disco do João Gilberto eu comprei. A vida doméstica é só mais um subterfúgio para aceitar-se velho. Ninguém chega aos trinta impunemente.

Crescer não é perigosos. Perigoso é envelhecer. Perigoso não é ser nostálgico. Perigoso é sentir saudade eterna.

Ontem a Cat Power bebeu chá durante todo o show. Ontem não foi perigoso envelhecer. Talvez não seja nunca mais. Pensei na Fram e na Tuane. E senti saudade de ser bonito.

Um comentário:

Anônimo disse...

como se a gente fosse continuar te amando se tu não fosse bonito.....
ahahahahahahahaha
mas tu sabe que ser bonito pra mim
é muuuuito peligroso

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