terça-feira, 7 de outubro de 2008

Quando acordo sem ser eu do outro lado do espelho. Primeiro ele pensou que fosse cansaço. Então ele descansou. Depois ele pensou que fosse uma virose. Então ele se cuidou. Quando estava certo de que era um vírus ele desmaiou. Quando acordou foi fazer um exame de sangue e sentiu-se limpo. Um tempo depois ficou doente mais uma vez. Entendeu que era a cabeça confusa demais e parou de fumar. O tempo passou. E o seu coração doeu até que ele caiu. Fez todos os exames que o coração pediu para saber-se forte. Ele sabia. E quanto mais os diagnósticos foram limpos com ele, mais sujo ele ficou.

O café está cheio. Aqui as pessoas conversam. Lá os mesmos vícios se repetem. Os vereadores se reelegem e nenhuma cidade é diferente daqui. Longe. A casa e as sujeiras de todas as festas. Há sangue em todas as nossas toalhas. Como desinflar você parou de gostar de mim e eu parei de te querer. Como desinflar eu desapareci um pouco mais para dentro de mim mesmo. Fazer o bem é uma filosofia muito simples e eu acho muito legal isso, ela me disse entre duas xícaras de café. Duas horas antes de tirar a minha roupa e me sugar até que eu desinflasse numa derrota triste eu já sabia que seria assim. Quando os olhares são previstas não há o que temer no não estabelecido. Mas logo a Mostra de Cinema vai começar e eu terei três semanas para deixar de seu. Fria. E solitária. Como eu ela será tudo o que nunca será. Como o meu pinto ela também será um pouco menos inflada do que foi há um ano atrás.

Sobre desinflar nenhum de nós tinha nada a dizer. Os bicos dos seus peitos continuaram duros mesmo depois de eu ter me amolecido inteiro. Eu olhava para a parede e ninguém estava lá, pendurado do outro lado. Para o teto branco descascando no canto eu era um pinto mole e cansado. Para a lâmpada amarela desligada eu não tinha pq estar lá. E eu solucei três vezes antes de entender que não era soluço. Era tristeza. Ou medo da morte. Ou não saber a felicidade. Ou ter parado de te querer fazer feliz. Para você eu não era mais homem. Como desinflar. Para mim eu nunca fui homem.

Ela escorregou até o limite da cama. Até o espaço mais distante do meu. Ficou me olhando de longe e o seu olhar saltava do meu pinto para os meus olhos e dos meus olhos para o meu pinto outra vez e assim ficaram, os seus olhos, repetidas vezes passeando pelo meu corpo. Eu estava magro e você também. Mas nós não nos amamos mais. E eu pensei que ela deveria escorregar para ainda mais longe de mim. E cair. E eu iria perguntar se você havia se machucado, mas você iria rir. E no meio do seu sorriso as minhas veias e o meu cérebro encontrariam uma conexão perfeita e eu teria uma ereção enquanto você gargalha. E quanto mais você gargalharia, mais duro o meu pau ficaria e maior seria a sua boca se abrindo e os seus dentes mostrariam as obturações cor de chumbo e eu pegaria na sua nuca e puxaria os seus cabelos até o seu nariz encostar nos pelos que caminham até o meu umbigo. E você sentiria os músculos da minha barriga e o cheiro dos meus pêlos que caminham do umbigo para o meu pinto que estaria dentro da sua boca e você sentiria tanta vontade de mim e de ser eu e você choraria sem saber por quê nunca seríamos o mesmo. Eu puxaria os seus cabelos mais uma vez mas não seria um puxão de dor. Seria um puxar de cabelo quase um carinho.  Como se você fosse um cachorro fêmea. Ou eu um cachorro macho. Mais macho do que era de verdade. Tanto faz. Contanto que a sua gargalhada engolisse o meu pau. As ondas sonoras emitiriam vibrações e eu seria seu sem que para isso eu tivesse que ser eu.

Depois pegaríamos a nossa ultima toalha. A única sem manchas de sangue. E nos limparíamos nela ignorantes do perigo contido nos vestígios quando esquecidos expostos demais. Você me limparia com cuidado e depois me beijaria na minha boca mas a sua língua não entraria na minha. Como culpados de um crime nunca cometido nos vestiríamos sem muito nos olhar. Ou pedir desculpas antes do soco éramos apertando as mãos antes de esquecer todo o passado. No ultimo instante em que fomos dois. O ultimo suspiro antes de um casal deixar de ser. Depois eu caminharia solteiro e você caminharia solteira. Deixando sempre um pouco de nós a cada passo. Perdendo em ti um pouco de mim sempre mais até nunca mais ser. Por quê os amores não são eternos. Nunca foram. Nunca serão.

Suas gengivas sangrarão. Eu sempre desinflarei um pouco mais a cada foda. E dormiremos por um longo tempo sob o fino manto do descanso. As doenças aumentarão enquanto o sonhos não vierem. Os sonhos nunca serão. A grossa foice do descaso afiará um pouco mais a cada dia vencido. E tolherá nossos órgãos sexuais no dia em que completarmos cinqüenta anos juntos. Então eu vou me olhar no espelho. E vou me ver, pela primeira vez, chorando baixinho e envergonhado, segurando entre as mãos o meu pau tão murcho. E eu me perguntarei sem querer saber a resposta: pq você não foi feliz? 

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