segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Toca Jethro Tull. Sempre preciso de um estímulo externo para começar a escrever. Ou para voltar. Às vezes as pessoas mais improváveis nos dão os presente mais significativos. Como esse disco do Jethro Tull que toca agora. Às vezes as pessoas mais silenciosas fazem os comentários mais pertinentes. Como a pessoa que me deu esse disco do Jethro Tull. Na sala, o único que está em silêncio, geralmente é o que tem mais a dizer.

“Calma externa e ansiedade interna”, teu nome é Tuane.

A importância das longas viagens é saber respeitar o não acesso. A sabedoria da internet é respeitar o que nunca será revelado: a realidade do mundo antes de conhecer. Saber enxergar por conta própria sem nenhuma necessidade de dividir as opiniões com ninguém que não seja o companheiro de viagem é não dar importância ao que não está aqui. O que não está aqui nunca estará. Nascemos com o que temos e isso não tem nada a ver com determinismo. É só um jeito de acreditar em si.

Talvez o seu companheiro de viagem seja aquela senhora de sapatos prateados que sentou no nosso lado naquele trem que foi de Locarno para Lugano. Talvez o meu companheiro de viagem tenha sido o meu avô que morreu exatamente no dia em que eu entrei no castelo de Montegufoni para passar três dias na parte mais quente do mundo. Nos campos de oliveiras e de girassóis secos que margeiam todas as pequenas estradas perdidas da Toscana eu via o fantasma do meu avô desencarnar e me dizer adeus caminhando entre as elevações cor de laranja. A Toscana é uma Ceva 20 infinita. Poucas pessoas sabem do que estou falando. Estar na Ceva 20 numa noite de verão. Numa tarde de inverno. Numa manhã nascendo depois de uma noite de loucuras. Um nariz quando sangra. Arrependido. Esperando mais um soco antes de nunca mais dormir.

À luz do dia os mortos são apenas a poesia, a sabedoria e os sorrisos que existiram antes de partir. No meio da noite é sempre complicado ver o lado bom do mundo. Enquanto um oriente for feito de luz, o lado de cá precisará acreditar que é claro que o sol vai voltar amanhã mais uma vez.

Jovens não falam sobre Jethro Tull. Eles não me dariam o presente que você me deu: um disco do Jethro Tull para eu ouvir nessa manhã de segunda-feira.

A sabedoria da estrada é saber desligar a câmera na hora certa. A esperteza do fotógrafo é acostumar-se ao objeto para transcender a primeira camada, aquela que só diz respeito ao externo, ao que nunca viu, ao que não saber o que significa se acostumar. A primeira camada só diz interesse para o que nunca foi. Ou o que nunca irá.

Sobre a paisagem: logo as fotos serão reveladas.

Sobre Google maps diary: um dia voltarei à você.

2 comentários:

f. disse...

é por isso tudo não entendo como ainda não me jogaram num lixão,
sou a dona da falastrice mais vazia do mundo.

f. disse...

é por isso tudo não entendo como ainda não me jogaram num lixão,
sou a dona da falastrice mais vazia do mundo.

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