segunda-feira, 2 de março de 2009
















Quando você me viu dançando daquele jeito eu penso que foi só você que viu. E às vezes eu tenho certeza de que as coisas que você vê não são reais. Mas eu fiquei feliz por você ter me visto de um jeito muito mais bonito do que eu sou. Agora anoitece e é uma segunda-feira e segundas-feiras não deveriam acontecer. então eu olho para fora da janela e fumo um cigarro observando os vizinhos. As suas reuniões sem fim. E observo um pouco para dentro de mim mesmo. Para o mundo das pessoas que me vêem. Você pensa na forma como te enxergam quantas vezes por dia? É normal pensar tanto assim? Talvez seja uma segunda-feira e os cigarros tenham todos perdido o efeito.

Agora começa a tocar uma canção do The Mamas and the papas e eu sempre gostei tanto deles. Minha tia me deu um cd deles e aquele foi o meu primeiro cd.  Eu tinha cd antes de ter o tocador de cd. Eu tinha DVD antes de ter o tocador de DVD. E eu comecei  a colecionar vinis muito antes de encontrar a vitrola perfeita. Temos muito mais em comum do que os outros podem imaginar. Ou. Temos coisas em comum que ninguém jamais terá. CDs sem onde tocar. DVDs sem onde assistir. Algumas pessoas possuem os pré-requisitos básicos para um interesse existir. Nascemos no mesmo ano e somos testemunhas de um tempo comum que ninguém jamais terá. Todo o ano que faço aniversario eu penso há quantos anos eu te conheço. E sempre parece um pouco mais do que é de verdade. O mundo de fora olha para dentro de mim. mas eu não gosto de olhar dentro dele.

Dizem que os nossos maiores medos nunca vão chegar. Talvez seja por isso que eu guarde-os tão bem e mantenha o hábito diário de cultivá-los. Ele disse que eu nunca vou morrer do coração. Se esse é o meu maior medo, ele nunca acontecerá. Pensei se o mesmo vale para os nossos sonhos, mas achei melhor não perguntar. Você assistiu Pul Fiction? Eu assisti em lajeado no cinema do unishopping. Faz trezes anos eu acho. Talvez Pulp Fiction hoje seja um clássico para os mais novos do que nós. É estranho ver o que nasceu com a gente ir virando um clássico. Parece que não temos mais nada há fazer. Ficamos para trás. As novidades sempre serão menos interessantes para os que viram tudo.

Tem dias em que eu queria ser virgem dos olhos. E dos ouvidos. Talvez o mundo chegasse com mais vontade dentro de mim.

Nenhum comentário:

Twitter Updates

    follow me on Twitter

    Seguidores