quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009








eu e o nelo johann em arroio augusta/roca sales. terra do meu pai. e terra onde eu cresci.





















Escrevo do meio de uma tarde de verão. Se a sua pergunta foi: você tem escrito ultimamente? A minha resposta sempre será a mesma: como sempre, tenho escrito. 
Talvez você não me conheça tão bem. É verão e faz uma tarde de sol recortada por pequeninos temporais. Eu deveria estar trabalhando. Mas eu não estou. Passo a vida buscando motivos que me joguem contra eles. Marco compromissos para ter o que desmarcar. Construo amizades para ter o que destruir. Cultivo rostos para ter o que evitar. E danço em cima do nosso amor que se acabou escondendo as lágrimas de mim mesmo de um jeito tão verdadeiro que eu mesmo acredito nas coisas que invento. Os perigos são maiores quando brincamos sozinhos. É sempre mais fácil perder a dimensão quando, do outro lado do abismo, não há ninguém para indicar o caminho. São nas noites escuras que os barcos perdem o rumo e batem contra os rochedos.
O nosso amor talvez se acabe um pouco mais a cada noite. Estranho. Mas, mesmo se assim for, eu te quero sempre um pouco mais. Sempre que as luzes se apagam e esquecemos de nos fazer as perguntas mais bonitas olhando no fundo dos nossos olhos. No meio da noite você acorda. O seu peito aperta e você procura o meu braço. E eu te abraço entre dois sonhos. Pequenas tempestades enfeitando a noite de verão.
Do outro lado do mundo um sol nasce de dentro de algum mar e alguma pessoa olha os primeiros raios do dia pensando nas coisas boas que nunca irão lhe acontecer. Nem sempre é o bem que está no nosso caminho. Mas com você do meu lado nos protegemos de tudo o que não pode ser belo. Esgrimamos guarda-chuvas fechados prestes a explodir temporais sobre os pequeninos.
Do outro lado da cidade uma pista de dança ferve. E alguém dança sozinho esperando alguém chegar. E alguém dança sozinho olhando para o chão sem saber como chegou até aquele instante. E alguém toca musicas para destruir o coração de quem escuta. E o meu sempre foi o primeiro a explodir.
Agora toca uma musica bonita. As folhas das arvores pingam do outro lado do vidro molhado. Os vizinhos me observam. E eu não estou em lajeado. Estou na minha casa aqui em São Paulo. Na Vila Madalena. Em 2009. No inferno astral mais bonito desde quando eu não sabia o que era “inferno astral”. Quando olho para trás é sempre impossível não me perguntar: caralho, mas alguém pode me explicar como foi que eu cheguei até aqui?

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no ultimo inferno astral eu morri. Mas agora passou.


Tudo tudo vai passar. Todas as coisas ruins. E todas as coisas boas.

3 comentários:

Anônimo disse...

tudo passa...
but in a land called
"imagina (c) tion" everything you desire can stay, grow, or what ever!

quasechuva disse...

ai criança
vc pegou um caminho depois um atalho depois um desvio depois uma ponte depois atravessou um trilho depois cruzou a rua depois seguiu seguindo e indo indo indo
voce vai estando
sempre em outro lugar
até eu que quase não saio do meu sofá

Scheer disse...

Inferno astral se cura com chá de pulsos, na falta de escadas gosto mesmo é de atravessar o chão.

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