terça-feira, 18 de novembro de 2008


no espaço unibanco, enquanto espero no café do saguão devorando as primeiras páginas de um livro recém-lançado.

entro no livro, e ao sair pela primeira vez, noto a presença de algumas mães com os seus bebês. bonitos. limpos. um mundo inteiro pela frente. as mães, estranhamente, pouco sorriem. depois percebo, descendo as escadarias, dezenas de mães com seus bebês no colo. todas sérias. um clima de apreensão. alguns casais com filhos aproximam-se do café. as crianças estão calmas. nenhuma chora. nenhuma ri. as mães parecem afastadas do mundo. grupos não se formam. distantes todas de si mesmas. vazias. talvez pela primeira vez.

mais uma sessão materna terminava. perguntei-me qual filme elas teriam assistido. 

ao chegar no guichê leio em um pequeno cartaz que o filme da sessão materna era "Vicky Cristina Barcelona". um filme que talvez devesse ser proibido para mães recém nascidas. um filme, talvez, sério demais para quem acredita em filhos. em fraldas. para quem vive um futuro. um filme perigoso demais para os que acreditam na beleza cor-de-rosa das sessões maternas do espaço unibanco.

se, nessa noite, alguma criança chorar de fome ou dormir sem a dose exata de carinho, a culpa terá sido toda do unibanco. do woody allen. e delas mesmas. por terem nascido.





ps - e eu acho que estou gostando de uma garota. você sabe que é de você mesma que estou falando. e isso é sério. e eu teria um filho com você. mesmo depois do filme.

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